Queridas e queridos, este vosso atualmente, saudoso, crítico defunto ou defunto crítico, (parafraseando aqui o pai da linda Capitú) recebeu há poucos dias um tratamento democrático digno dos trevosos anos de chumbo. Ah, senti saudades de Médice diante da truculência de uma diretora da TVE Bahia. Fui massacrado por essa TV. Explico. A Revista Cultural Semanal “soterópolis”, amordaçou-me; cortou-me a língua, roubou-me a liberdade de expressão e comunicação; estuprou minha dignidade. E, por que? Porque eu me atrevi externalizar ponto de vista divergente sobre determinada conjuntura artística, tanto bastou para eu sofrer a mão pesada da inquisidora medieval Sra. Silvana Moura – diretora do referido programa local
Tudo começou quando fui procurado por um de seus produtores:
“Olá Hedre,
Sou Pedro Dell'Orto da produção do programa Soterópolis exibido na TVE. Iremos fazer uma reportagem sobre o aquecimento para o prêmio Braskem. Deusi Magalhães me indicou seu nome junto ao seu blog. Pelo que li, acredito que você acrescentaria muito à reportagem por apresentar uma postura polêmica em relação ao prêmio e a classe artística, além de propor o boicote. Seria uma boa oportunidade para divulgar suas opiniões sobre o prêmio. Caso tenha interesse, me envie um e-mail com seu telefone para que eu possa entrar em contato e agendarmos o dia da entrevista.
Atenciosamente,
Pedro”.
Como acreditando que se tratasse de mais uma possibilidade de debater e acrescentar algum fôlego de provocação e inspiração ao nosso debilitado teatro baiano, eu, infantil, me prontifiquei a dar a tal entrevista, até por consideração a minha leitora Deusy que tinha sugerido minha opinião como pauta. E eis que a famigerada história segue:
“Olá, Pedro. Como vai? Sim, eu tenho interesse pela entrevista. Essa será, sem dúvida, outra oportunidade de troca de idéias muito bem vinda.”
Marcado o dia e o horário, foi gravada a entrevista.
Passado algum tempo, como soube que a entrevista não tinha ido ao ar, indaguei ao mesmo produtor:
“OLá, Pedro. Gostaria de saber quando será exibida a entrevista que concedi a Vocês.grato,”,
Ao que ele me respondeu:
“Oi, Hedre!
A matéria está prevista para ser exibida no dia 02 de abril. Att, Pedro”
Como se passou o dia 02 e a matéria não tinha ido ao ar, no dia 23 de abril fiz um novo contato com o programa Soterópolis:
“Olá! Gostaria de saber se vocês irão ou não exibir a entrevista que fizeram comigo sobre o teatro baiano?”
Ao que o produtor Pedro retornou mentirosamente:
“Olá Hedre,
exibimos no inicio do mês na matéria aquecimento Braskem. abs, Pedro”
Como minha assistente vinha acompanhando assiduamente o programa eu tinha certeza de que se tratava de uma inverdade a afirmação do tal Pedro Dellorto, e por salvaguarda fiz novo contato:
“Pedro, Bom dia!Gostaria de saber, se puder me fazer esse favor, a data precisa da exibição. Pois acompanhei assiduamente os programas posteriores a minha entrevista e não a vi ser exibida em nenhum bloco dos mesmos. Estou suspeitando de que vocês ou esqueceram-se de exibir ou não quiseram, configurando uma censura e uma falta de respeito com minha opinião. e, se for o caso, vou tomar as minhas providencias judiciárias e midiáticas. Espero sinceramente que eu esteja enganado, pois seria muito desagradável, tal fato.
obrigado!”
Detalhe, como eles não tinham levado a matéria ao ar, não tinham como comunicar o dia da exibição (risos). Mas como eles não me respondiam, eu, carrapato de mim mesmo, continuei:
“Peço-lhes encarecidamente que me dêem um retorno: Preciso saber com precisão a data do programa onde foi exibida a matéria que fizeram comigo.
Gostaria de ser tratado com a mesma delicadeza e presteza com que atendi o pedido inicial de vocês para conceder a entrevista. Empenhei meu tempo, horas de uma tarde, tenho o direito de ter essa informação. Espero que tenham a gentileza de me responder o quanto antes.
Desarmado pela perna curta do engodo, o patife Pedro claudica:
“Vou checar e te aviso. Não há motivo para ficar chateado. Respeitamos a opinião de todos, especialmente a sua, pois foi escolhido para dar o depoimento pelo texto que li em seu blog sobre o boicote ao prêmio Braskem. Não se preocupe, se tiver ocorrido algum incidente do gênero, não foi de forma alguma no intuito de censurar sua opinião, mas um possível descuido de quem editou a matéria.
Atenciosamente,Pedro”
E, como não havia mais possibilidade de negar o inegável a CENSURA que me aplicaram, outra vez tentou explicar o inadmissível:
“Caro Hedre,
segue e-mail da Diretora de Produção do Soterópolis sobre o seu caso.
(a diretora, disse): “Caro Pedro,
Não sei porque ele não entrou, acho que foi uma opção do editor. No Soterópolis nós deixamos o editor livre para construir a matéria.
As vezes ele usa sonoras inteiras, outras vezes algumas partes, outras vezes não usa . O jornalista é livre para construir sua reportagem, o que não se pode fazer é alterar os depoimentos das fontes.
Nosso programa sempre abriu espaço para as opiniões das pessoas e vai continuar a fazer isso e nossos jornalistas vão continuar trabalhando com autonomia.”
Estava então clara a falta de seriedade e honestidade desta senhora responsável pela direção do tal programa. Mas eu sou um lord [do dendê], e mesmo diante de sua falta de compostura ainda lhe dediquei açúcar:
“Olá, Silvana!
Sou Hedre Lavnzk Couto, um entusiasta da vida e um otimista que ainda acredita na inteligência e na capacidade humana de respeitar o semelhante, por mais que ele seja ou pense diferente. Acredito em alguns valores fundamentais, alguns desses valores justificam a distinção que fazemos - às vezes, prepotentemente entre nós e os animais irracionais, valores como honra, dignidade, lealdade, hosnestidade, numa palavra caráter e sentimento de respeito para com o outro nos livra da barbarie total e da comparação incômoda com as bestas brutas. Mas Ser humano é difícil, né? Às vezes, não damos conta dessa carga. O tédio nos consome no trânsito, no expediente, em nossa vidinha pequeno bruguesa, na insignificância do nosso lar, na vaidade, na burocracia, numa idéia de relativismo que tudo julgamos poder através dela, justificar nossos erros, falhas ou desvios de índole.
Mas o que quero te dizer, na verdade, Silvana, é que do auge de uma aparente arrogância de minha parte, eu poderia mesmo te dar uma aula acadêmica, técnica, ou mais especificamente, jurídica, sobre liberdade e autonomia de imprensa. Você deturpa tais conceitos consagrados. Eu estava em casa, seu produtor contatou-me convidando-me a conceder uma entrevista sobre um objeto e uma situação da qual estou satisfatoriamente intimo e inteirado (o teatro baiano e o fazer teatral), eu, mesmo com tempo sempre curto, coloquei-me a disposição, lhes concedi horas de uma tarde, dividi com vocês pensamentos e meditações e experiências que acumulei a custo de muito trabalho e sacrifício, e não considero que isso a que vocês denominam de "liberdade e autonomia de imprensa" justifique o descarte de minha entrevista, do material que fizeram comigo, quero dizer, essa aberração que você mentalizou para amenizar sua falta de escrúpulo profissional, não justifica o descarte de meu tempo, de minha presença, de meus pensamentos, eles não podem ser preconceituosamente descartados pelo seu editor ou por você diretora! Não! Penso que esta deslealdade ora desferida por vocês, seja nem aqui nem em Marte apreciável de ser chamada de liberdade ou autonomia jornalística. Opção do editor? Ele que as tenha. Mas me respeite, não delete meu tempo e minha seriedade. Ele é livre para construir a matéria? Não temos dúvida. Mas livre para construí-la dentro de parâmetros éticos, respeitando antes de tudo quem lhe fornece conteúdo para sua pauta, e respeitando por extensão a diversidade de pontos de vistas, o que denota respeito em último caso para o público que tem todo o direito de ver e ter pluralidade. Será que o jornalista é livre para desrespeitar as suas fontes? Você diz: "Nosso programa sempre abriu espaço para as opiniões das pessoas e vai continuar a fazer isso e nossos jornalistas vão continuar trabalhando com autonomia." Mas eu não estou querendo tirar a autonomia dos seus jornalistas, estou pleiteando ser tratado com respeito, e o serei. Aí você pede que eu compreenda o vosso trabalho? Então deveria eu compreender osmoticamente que sua autonomia e que sua equipe podem me desrespeitar? Isso nem meu analista me faria entender ou aceitar.
Vou dividir com você a minha tese: Você e seus editores viram o que eu disse na entrevista e julgaram indigesto para o caráter festivo (superficial) que vocês pretenderam conferir à matéria sobre o prêmio Braskem de teatro, acharam ou forte demais, ou desagradável, ou muito polêmico, numa palavra, desproposital, inadequado para o tom amistoso que vocês queriam para a ocasião... Trocando em miúdos, me CENSURARAM! Tive a oportunidade de ver as outras entrevistas e os outros entrevistados do meio teatral convidados por vocês, todos com palavras muito confortáveis, todos muito felizes e elogiosos para com todos e tudo, eu falei o que achava e fui guilhotinado. Você chama a isso de autonomia e liberdade jornalística. Eu de minha parte chamo de CENSURA! FALTA DE ÉTICA E PROFISSIONALISMO! Eu me sentiria muito infeliz se fosse um jornalista e tivesse essa visão açougueira da autonomia, da liberdade. Isso me lembra aquele antigo jornalismo policial carioca dos anos 40, 50, 60 onde, se deparando com um cadáver ileso de ferimentos no asfalto, o jornalista cravava-lhe um punhal no peito para a foto da capa matinal vender mais no dia seguinte. Então eu me pergunto que tipo de jornalista é você Silvana? Que tipo de jornalismo vocês fazem aí na TVE? Que espírito de porco é esse que os levam a pensar que podem desrespeitar as pessoas? Censura ficou lá trás. longe, longe, e de mim mais longe ainda, brucutu, porque eu adoro uma briga...”
Eu não queria ter que começar a falar tão cedo sobre a verdade da TV da bahiana, mas assim serei forçado a deitar-lhes o verbo e sentar-lhes o dedo... até queridos!
domingo, maio 23
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