Criativo, inteligente e engraçado ao mesmo tempo. Trata-se de entretenimento, com doses urgentes de reflexão. Escrito, dirigido e interpretado por Ricardo Castro, que também assina figurino, sonoplastia, iluminação e cenografia, ‘R$ 1,99’ é um espetáculo que ganha destaque justamente por se afastar do tom umbilical, tão predominante dentre as peças contemporâneas que se propõem a abordar os pedregulhos do fazer artístico.
Aqui, ao contrário, o artista realiza aquele que podemos chamar de teatro ‘vivo’. De maneira sutil e descontraída, faz brotar no público um grande leque de interrogações, assim nos convidando a todos para o bom debate de ideias – que perpassa desde questões relacionadas ao valor da arte e vai alcançando uma espécie de radiografia lúdico-antropológica do atual cidadão baiano-brasileiro.
INCLASSIFICÁVEL
Em termos de gênero e estética, ‘R$ 1,99’ é de difícil carimbo. Pela maior parte do material apresentado, muitos o classificariam como sendo um stand up comedy. O que a meu ver não é o caso. Basta dizer que Ricardo Castro enche o palco com vários personagens, metidos numa gama de situações plurais.
Um monólogo, a rigor, também penso que não é. Antes, um conjunto de pequenos solos envolvidos por um arranjo dramatúrgico bem costurado e maleável, com vistas a atualizações diárias, se necessárias. Para simplificar, podemos combinar que ‘R$ 1,99’ é teatro. Teatro recomendável. Exemplar daqueles que trazem lembranças da etimologia da palavra - ‘thea-tron’: lugar de onde se vê, ou de onde se é visto, com interesse...
O trabalho peca, porém, quando se deixa estender aos noventa minutos. 1 hora seria o bastante.
Visto numa sexta-feira (27-01-12)
Hedre Lavnzk Couto
ps. sugiro a leitura de alguns textos que se encontram nos arquivos deste blog: 'comédia em pé'; e críticas dos espetáculos 'pólvora e poesia'; 'alugo minha lígua'; e 'Thomas toma blues'.
sábado, janeiro 28
sexta-feira, janeiro 27
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