Não adianta essa baboseira de tentar me calar ou coisa que o valha. Continuarei escrevendo. E muito! Muito! Tanto, que, dentro em brevíssimo, esse blog será convertido num site.
E aviso: Esse verdadeiro ódio contra minhas críticas, manifestado em dezenas de e-mails “delicados”, apenas me deixa ainda mais obstinado em realizar meu trabalho.
Aqui, não se fala (mal) ou ( bem) de pessoas, como irresponsavelmente vomitou outro dia uma certa senhora .
Aqui, se fala bem ou mal de espetáculos teatrais. E justamente estes espetáculos são os únicos responsáveis pelo conteúdo, forma e tom de minhas críticas.
Se a peça é honesta, digna, boa, ótima ou admirável, eu aponto tecnicamente o porquê e a parabenizo. De outro modo, se é ruim, mal realizada, daquelas onde nada se salva, da mesma forma analiso tecnicamente e afirmo aos meus leitores a impressão que tive.
A realidade dos fastos sempre prevalece.
No geral os artistas de verdade, aqueles comprometidos com um objeto artístico de qualidade, aqueles que não desejam apenas surrupiar o erário e a paciência do espectador, têm entendido e até acompanhado com entusiasmo este projeto de reflexão – Teatro Com Acarajé.
Mas sempre existe a banda podre. E é podre não por pensar diferente de mim. Essa banda podre é podre porque não pensa. Seus cérebros atrofiaram, há muito que apenas usam o ventre baixo. E assim, não respiram, bufam! Não dialogam, cospem!
Só os incompetentes e preguiçosos esbravejam e desmerecem as análises veiculadas neste espaço. E são justamente estes que deviam me agradecer, porque sempre que aqui adentram e fuçam, aprendem comigo!
Portanto, agradeço de pronto aos leitores que não tem o sangue da desmedida- insana na boca, que veem, leem e digerem. E quanto aos monstros da caverna de Platão, aos Narcisos oriundos do calabouço da incompetência artística e técnica, dou-lhes a vênia de continuarem cagando e comendo. Senhores do auto-engodo. Filhotes de censores, aqui não!
Agora, existem espetáculos tão “formidáveis” – como este ‘outra tempestade’ – que realmente são [dureza]. Ruins demais. E olha que até a Eduarda Uzeda, não sendo amiga do Alonso, foi obrigada a reconhecer dessa vez.
Vamos andando...
Hedre Lavnzk Couto.
quarta-feira, novembro 30
sábado, novembro 26
Crítica do espetáculo ‘Outra Tempestade’
Em 10 de dezembro de 1896, no Théâtre de L’Oeuvre, estreou certa farsa colegial, de certo jovem boêmio parisiense Alfred Jarry. A peça era Ubu Roi. E, já ao final daquela mesma noite, o espetáculo havia produzido tumulto tão contagioso, como de há muito Paris não experimentava, que se podia mesmo afirmar que a primeira fala do protagonista – “merde!” – estilhaçou o conforto da plateia.
Nascia ali, diante dos olhos do público atônito, o teatro de vanguarda do século 20. Ubu Roi era “cem por cento teatro, e, no limite da realidade, criou outra realidade com o auxílio dos símbolos”.
De um pulo para os nossos dias... Ocorreu na última quinta-feira, 24, em Salvador-Bahia, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, às 20 horas, a estreia do espetáculo ‘Outra Tempestade’, resultante da edição 2011 do TCA-Núcleo, com direção do cubano Luis Alonso. Nas palavras do diretor, seu atual trabalho visa “revisitar os personagens clássicos da dramaturgia shakespeariana, numa parábola que evidencia (?) o processo de formação da miscigenação do povo brasileiro”. Parece enunciado de bula de remédio, mas, vamos em frente!:
Lembro-me que na faculdade de direção teatral, existia um professor, de literatura dramática, que não se cansava de aconselhar-nos quanto à importância de se concluir o Curso conhecendo todas as peças de W. Shakespeare. O pobre, no entanto, esqueceu-se de avisar aos alunos que - conhecer - de há muito não é garantia de sucesso.
Do outro lado, está um grande número de ‘jovens’ diretores que abominam, e desprezam tudo que vem historicamente carimbado com o rótulo de ‘clássico’. Inclusive, é claro, a dramaturgia clássica. E aqui, novamente me recordo de outro saudoso professor, que nos ensinava que para criar o ‘novo’, o diretor necessita dominar o ‘velho’. Ou agora, eu, parafraseando Proust: ‘Só se bem destrói aquilo que bem se conhece’.
Pois bem, essa ‘Outra Tempestade’ de L. Alonso não cumpre sua promessa de revisitar personagens clássicos shakespearianos. E isso por vários motivos facilmente observados: a um, a presente encenação parece mais desconhecer do que desconstruir. Ou Alonso conhece Shakespeare (teoricamente) e, (cenicamente) não consegue revisitá-lo, ou, não conseguiu revisitá-lo porque o desconhece.
Simplificando: para poder extrair, com algum sentido, personagens de uma obra e coloca-los noutro contexto dramático-cênico, primeiro faz-se indispensável conhecer bem (ter estudado, ter lido direitinho, sabe?) essa obra [ou esta(s) peça(s)], simplesmente porque os personagens, sem a substância dramática interna (da peça), não existem.
E é justamente por não entender, por não respeitar ou por fazer pouco dos conflitos dramáticos de Hamlet; dos Macbeth; de Shylock e de Caliban e cia, que a ‘Outra Tempestade’ não passa de uma ‘chuvinha passageira’. É chuvisco no molhado do reiterado mal feito do atual teatro baiano. Luis Alonso desprezou a força, a beleza, a organicidade dos personagens de Shakespeare. Deu de ombros para o verdadeiro tratado sócio-étnico-político-cultural-humano que é a obra do bardo inglês. E nos vem a pergunta: se tem tanta aversão pela obra do dramaturgo, a ponto de ignorar completamente seu sentido, por que usá-la? Não seria mais honesto escrever os seus próprios textos?
E no meio desse samba-do-maneca-cego que é a torta visão de Shakespeare por parte da encenação, ainda se disse que houve o tal do objetivo de utilizar o autor como sustentáculo dramatúrgico na construção de uma parábola ‘evidenciadora’ do processo de miscigenação do povo brasileiro. Ok. Ok. Vejam, leitores, e sei que aqui muitos artistas me leem, o cúmulo do estelionato artístico: o rapaz coloca um Macbeth negro ( Jefferson Oliveira) e uma Lady M. branca (Simone B.) e mais uma sonoplastia com tambores, teclado e violino e mais Heloísa Jorge desfilando de uma extremidade à outra do palco entoando cânticos onomatopeicos, e quer-me dizer que se está apresentando um alto trabalho sobre o ‘sincrético’ processo de miscigenação de um povo? Palmas. Palmas. Palmas. E flores!
Com exceção de Diana, que salva-se (porque está na sua zona de conforto como intérprete), o elenco encontra-se no todo penosamente descolocado – inclusive o diretor teve oportunidade de realizar audições com praticamente a ‘nata’ dos atores da Bahia, e acabou escolhendo o que escolheu... nisso pelo menos Alonso foi coerente, se é que me entendem – no geral, muitos gritos, muitos gritos. A tentativa do ator Fernando em satirizar o famoso “ser ou não ser?”, é desoladora, sobretudo para quem estava investindo sua sexta-feira à noite. A cena do casal Macbeth... Deus nos valha, leitores, Macbeth certamente não dorme: durma com um barulho desses, meu caro Macbeth.
A direção usa muito mal a caixa cênica. E o palco à italiana da Sala do Coro é impiedoso em descortinar as fragilidades da encenação. No mais, a peça não consegue comunicar nada ao público. Transmitir? Como, se sua simbologia é obscura e oculta? Qualquer decodificação (embora, como perceberam, não acredito que ali existisse alguma semântica presente) se torna impossível. E quaisquer mensagens, pretendidas dentro da cabeça do diretor, restaram nulas.
Entretanto, existem dois pontos positivos: graças a Deus, Alonso não quis montar mais um daqueles ‘estelionatos’ míticos e místicos da – para alguns – inesgotável temática da seca nordestina. Além disso, há que se reconhecer que a encenação tenta promover uma busca por devolver aos palcos a ‘teatralidade do teatro’. Pena que o esboço de teatralidade que foi resgatado esteve a serviço de um trabalho perturbado e truncado.
Queria eu dizer desta peça aquilo que Henri Ghéon (L’Art du Théâtre, 1944) disse ao enaltecer Ubu Roi: “era cem por cento teatro. No limite da realidade, criou outra realidade com o auxílio dos símbolos”.
Ps: a pompa do folder deste espetáculo, num acintoso desperdício de uma verba já sabida parquíssima, já nos diz tudo.
Ps: continuo aqui batendo, sim, na mesma tecla: a grande maioria dos artistas de teatro de Salvador, atualmente, são melhores escritores do que realizadores.
P/ Carol.
Hedre Lavnzk Couto
Nascia ali, diante dos olhos do público atônito, o teatro de vanguarda do século 20. Ubu Roi era “cem por cento teatro, e, no limite da realidade, criou outra realidade com o auxílio dos símbolos”.
De um pulo para os nossos dias... Ocorreu na última quinta-feira, 24, em Salvador-Bahia, na Sala do Coro do Teatro Castro Alves, às 20 horas, a estreia do espetáculo ‘Outra Tempestade’, resultante da edição 2011 do TCA-Núcleo, com direção do cubano Luis Alonso. Nas palavras do diretor, seu atual trabalho visa “revisitar os personagens clássicos da dramaturgia shakespeariana, numa parábola que evidencia (?) o processo de formação da miscigenação do povo brasileiro”. Parece enunciado de bula de remédio, mas, vamos em frente!:
Lembro-me que na faculdade de direção teatral, existia um professor, de literatura dramática, que não se cansava de aconselhar-nos quanto à importância de se concluir o Curso conhecendo todas as peças de W. Shakespeare. O pobre, no entanto, esqueceu-se de avisar aos alunos que - conhecer - de há muito não é garantia de sucesso.
Do outro lado, está um grande número de ‘jovens’ diretores que abominam, e desprezam tudo que vem historicamente carimbado com o rótulo de ‘clássico’. Inclusive, é claro, a dramaturgia clássica. E aqui, novamente me recordo de outro saudoso professor, que nos ensinava que para criar o ‘novo’, o diretor necessita dominar o ‘velho’. Ou agora, eu, parafraseando Proust: ‘Só se bem destrói aquilo que bem se conhece’.
Pois bem, essa ‘Outra Tempestade’ de L. Alonso não cumpre sua promessa de revisitar personagens clássicos shakespearianos. E isso por vários motivos facilmente observados: a um, a presente encenação parece mais desconhecer do que desconstruir. Ou Alonso conhece Shakespeare (teoricamente) e, (cenicamente) não consegue revisitá-lo, ou, não conseguiu revisitá-lo porque o desconhece.
Simplificando: para poder extrair, com algum sentido, personagens de uma obra e coloca-los noutro contexto dramático-cênico, primeiro faz-se indispensável conhecer bem (ter estudado, ter lido direitinho, sabe?) essa obra [ou esta(s) peça(s)], simplesmente porque os personagens, sem a substância dramática interna (da peça), não existem.
E é justamente por não entender, por não respeitar ou por fazer pouco dos conflitos dramáticos de Hamlet; dos Macbeth; de Shylock e de Caliban e cia, que a ‘Outra Tempestade’ não passa de uma ‘chuvinha passageira’. É chuvisco no molhado do reiterado mal feito do atual teatro baiano. Luis Alonso desprezou a força, a beleza, a organicidade dos personagens de Shakespeare. Deu de ombros para o verdadeiro tratado sócio-étnico-político-cultural-humano que é a obra do bardo inglês. E nos vem a pergunta: se tem tanta aversão pela obra do dramaturgo, a ponto de ignorar completamente seu sentido, por que usá-la? Não seria mais honesto escrever os seus próprios textos?
E no meio desse samba-do-maneca-cego que é a torta visão de Shakespeare por parte da encenação, ainda se disse que houve o tal do objetivo de utilizar o autor como sustentáculo dramatúrgico na construção de uma parábola ‘evidenciadora’ do processo de miscigenação do povo brasileiro. Ok. Ok. Vejam, leitores, e sei que aqui muitos artistas me leem, o cúmulo do estelionato artístico: o rapaz coloca um Macbeth negro ( Jefferson Oliveira) e uma Lady M. branca (Simone B.) e mais uma sonoplastia com tambores, teclado e violino e mais Heloísa Jorge desfilando de uma extremidade à outra do palco entoando cânticos onomatopeicos, e quer-me dizer que se está apresentando um alto trabalho sobre o ‘sincrético’ processo de miscigenação de um povo? Palmas. Palmas. Palmas. E flores!
Com exceção de Diana, que salva-se (porque está na sua zona de conforto como intérprete), o elenco encontra-se no todo penosamente descolocado – inclusive o diretor teve oportunidade de realizar audições com praticamente a ‘nata’ dos atores da Bahia, e acabou escolhendo o que escolheu... nisso pelo menos Alonso foi coerente, se é que me entendem – no geral, muitos gritos, muitos gritos. A tentativa do ator Fernando em satirizar o famoso “ser ou não ser?”, é desoladora, sobretudo para quem estava investindo sua sexta-feira à noite. A cena do casal Macbeth... Deus nos valha, leitores, Macbeth certamente não dorme: durma com um barulho desses, meu caro Macbeth.
A direção usa muito mal a caixa cênica. E o palco à italiana da Sala do Coro é impiedoso em descortinar as fragilidades da encenação. No mais, a peça não consegue comunicar nada ao público. Transmitir? Como, se sua simbologia é obscura e oculta? Qualquer decodificação (embora, como perceberam, não acredito que ali existisse alguma semântica presente) se torna impossível. E quaisquer mensagens, pretendidas dentro da cabeça do diretor, restaram nulas.
Entretanto, existem dois pontos positivos: graças a Deus, Alonso não quis montar mais um daqueles ‘estelionatos’ míticos e místicos da – para alguns – inesgotável temática da seca nordestina. Além disso, há que se reconhecer que a encenação tenta promover uma busca por devolver aos palcos a ‘teatralidade do teatro’. Pena que o esboço de teatralidade que foi resgatado esteve a serviço de um trabalho perturbado e truncado.
Queria eu dizer desta peça aquilo que Henri Ghéon (L’Art du Théâtre, 1944) disse ao enaltecer Ubu Roi: “era cem por cento teatro. No limite da realidade, criou outra realidade com o auxílio dos símbolos”.
Ps: a pompa do folder deste espetáculo, num acintoso desperdício de uma verba já sabida parquíssima, já nos diz tudo.
Ps: continuo aqui batendo, sim, na mesma tecla: a grande maioria dos artistas de teatro de Salvador, atualmente, são melhores escritores do que realizadores.
P/ Carol.
Hedre Lavnzk Couto
quarta-feira, novembro 23
'Os Sete Gatinhos' - de Nelson Rodrigues. Direção: Hedre Lavnzk Couto - Salvador, 2008
Em 2012, serão comemorados os cem anos do nascimento do nosso mais marcante dramaturgo, Nelson Rodrigues. Por conta de convite bem imperativo, encenarei outra peça de Nelson - 'A Falecida'. Por enquanto, vamos aqui entrando no clima, curtindo fotos da minha última investida no universo deste meu quase-tio:
Elenco: Daise Lôbo (Aurora); Eduardo Oliva (Hilda); Brisa Morena (Silene); Iara (Débora); Alice Lopes (A Gorda); Fernando Sales (Dr. Bordalo); Luis Pinheiro - saudoso amigo (Dr. Portela); Luiz Ramos ("seu" Saul); Fernando Neves (Noronha); João Paranhos (Bibelô).
fotos: Luis Alberto.
Elenco: Daise Lôbo (Aurora); Eduardo Oliva (Hilda); Brisa Morena (Silene); Iara (Débora); Alice Lopes (A Gorda); Fernando Sales (Dr. Bordalo); Luis Pinheiro - saudoso amigo (Dr. Portela); Luiz Ramos ("seu" Saul); Fernando Neves (Noronha); João Paranhos (Bibelô).
fotos: Luis Alberto.
terça-feira, novembro 22
segunda-feira, novembro 21
Uma piada de mal gosto...
Esse "edital" de Crítica de Arte, da Fundação Cultural do Estado, é uma titica de galinha. Gostaria de conhecer, pelos nomes, esses exímios gestores-redatores, hilários. 'Vão se catar, suas hienas!
Hedre Lavnzk Couto.
Hedre Lavnzk Couto.
sábado, novembro 19
“Uma lástima de incompetência”
Foi com a frase acima que o jornalista Samuel Celestino, em seu artigo ‘Agonia da cultura’ – A Tarde, 25/10/11 – definiu o ex-secretário da cultura estadual, Marcio Meirelles.
Ao longo de detalhada análise, Celestino afirma que a Secretaria da Cultura do Estado da Bahia atravessa, atualmente, “momentos delicados, senão penosos.” Para o experiente e respeitado jornalista, tal quadro é “uma consequência previsível da gestão anterior que desestruturou a máquina da cultura”.
Diz o articulista que no período que Marcio Meirelles esteve à frente da Cultura do Estado, houve agudo retrocesso em todos os setores, “a começar pelo aspecto político, quando se inventou o que já havia sido inventado: a interiorização da cultura”. Em sua opinião, tal medida, dita “democratizante de esquerda”, gerou profunda retração na produção cultural da cidade do Salvador.
Assim, numa atabalhoada tentativa de levar a cultura à cidades do interior - extinguindo, exitosos projetos já existentes(na gestão anterior a Meirelles), a tal finalidade reformadora empreendida pelo secretário ‘petista’, atrapalhada, apenas conseguiu alcançar o enfraquecimento mútuo das políticas culturais da Capital e das cidades baianas do interior.
O artigo é, longe de dúvida, duro e faz diversas referências a dados que atestam que, nos primeiros 4 (quatro) anos do governo Jaques Wagner, a política cultural entrou em total colapso. Celestino critica o governador, que teria sido omisso, uma vez que deveria ter demitido o então inábil secretário da cultura que, deixou o cargo, somente ao final do quatriênio, com a pecha de inimigo dos atores culturais da Terra.
O alerta prossegue ainda observando que tal realidade de flagelo da cultura regional era de conhecimento e descontentamento de todos, porém, não teria ela sido descortinada de maneira mais contundente, à época, em decorrência de o setor cultural da Bahia, como o sabemos, ser extremamente dependente de verbas governamentais e, por conseguinte, temer represálias de caráter orçamentário.
Samuel Celestino vai mais longe, e também veicula informações atribuídas ao novo secretário estadual da Cultura, Albino Rubim, que reconhece que a gestão que lhe antecedeu deixou dívidas resultantes de editais dos anos de 2008; 2009 e 2010. O atual secretário, portanto, teria admitido que a gestão atual teve de administrar tal desequilíbrio, vendo-se obrigada, a Secretaria, em consequência, a lançar em 2011 apenas um único edital, no valor possível de R$ 5 milhões.
Além da equivocada política de (re) interiorização da cultura, ainda segundo o mesmo cronista, a crise também teve por causa aquilo que ele denominou de “outras aplicações de recursos em entidades de Salvador, como, por exemplo, o Teatro Vila Velha, que vem a ser, por mera, absolutamente mera coincidência, de Marcio Meirelles”. Contudo, com suas observações, o jornalista adverte que não intenciona “levantar lebres imensas”.
“A QUEM INTERESSAR OS ATAQUES AO VILA VELHA”
Com o título supra, em A Tarde de 15/11/11, Gina Leite, coordenadora geral do Teatro Vila Velha, ao que parece, contesta as críticas de Samuel Celestino ou de vozes ocultas. Com tom arrogante e presunçoso, a também autointitulada produtora e escritora, traça um histórico recheado de números e ufanismo, onde define o [imprescindível] Vila Velha como “usina cultural e artística, com contribuição inquestionável para o Brasil”. Ora, ora...
Logo depois, a discípula admite que o Teatro Vila Velha “recebe recursos do Estado”, mas, através de “ação que foi ordenada em 2010 (...) pela Secretaria da Cultura, em edital, elaborado em parceria com a Procuradoria Geral do Estado, com critérios de avaliação e pontuação objetivos, para que a escolha das instituições apoiadas não fosse um ato apenas do secretário (...) o Vila concorreu, teve sua proposta aprovada (...)’.
Na esteira dos dados que a própria Gina Leite veicula, a Secretaria da Cultura destina R$ 450 mil/ano ao Teatro Vila Velha. Agora, vejamos: Quanto aos critérios e procedimentos adotados para a realização do edital citado, ok. Contudo, todavia, entrementes, aderentes e dementes: todos (nesta terra amada de Jorge) sabemos da histórica e visceral, se não, espiritual, ligação do ex-secretário da Cultura, Marcio Meirelles, com o T. Vila Velha. Então, por mais que as folhas por lá sejam sagradas, e por mais plenamente legal e acompanhado (pela PGE) que tenha sido o famigerado edital, há aí, sem dúvida, amigos, um ténue, mas não menos vexatório, conflito de interesses. Se não legal, moral.
Vamos àquele irresistível lugar comum? Vamos: repita comigo, o tio aqui vai lhe ensinar, Marcio: ‘Nem tudo que é legal é moral’. E aqui pra nós – é, no mínimo imoral, alguém que eternamente dirigiu, ou coisa que o valha, uma Instituição, in case o TVV, e, uma vez à frente da Secretaria Cultural, contemplar, mesmo que seja via o mais probo dos editais, um teatro que é sim, “seu”.
Mas o artistas raivosos de plantão ficarão inconsoláveis comigo e bradarão: - ‘Mas o Vila não poderia ficar de fora, prejudicado, tinha direito de participar do edital, ora bolas, afinal trata-se de processo público e, conquanto nada lhe seja vedado e coisa e tal, nada tinha que ver o Teatro que o Meirelles estivesse secretário. Ok. Ok. Simples, como uísque: Então, Sua ex- excelência jamais deveria ter aceitado o cargo público que lhe foi oferecido. Mas sei, sei... Ele aceitou movido pelas já sabidas boas intenções, amém!
Hedre Lavnzk Couto.
Ao longo de detalhada análise, Celestino afirma que a Secretaria da Cultura do Estado da Bahia atravessa, atualmente, “momentos delicados, senão penosos.” Para o experiente e respeitado jornalista, tal quadro é “uma consequência previsível da gestão anterior que desestruturou a máquina da cultura”.
Diz o articulista que no período que Marcio Meirelles esteve à frente da Cultura do Estado, houve agudo retrocesso em todos os setores, “a começar pelo aspecto político, quando se inventou o que já havia sido inventado: a interiorização da cultura”. Em sua opinião, tal medida, dita “democratizante de esquerda”, gerou profunda retração na produção cultural da cidade do Salvador.
Assim, numa atabalhoada tentativa de levar a cultura à cidades do interior - extinguindo, exitosos projetos já existentes(na gestão anterior a Meirelles), a tal finalidade reformadora empreendida pelo secretário ‘petista’, atrapalhada, apenas conseguiu alcançar o enfraquecimento mútuo das políticas culturais da Capital e das cidades baianas do interior.
O artigo é, longe de dúvida, duro e faz diversas referências a dados que atestam que, nos primeiros 4 (quatro) anos do governo Jaques Wagner, a política cultural entrou em total colapso. Celestino critica o governador, que teria sido omisso, uma vez que deveria ter demitido o então inábil secretário da cultura que, deixou o cargo, somente ao final do quatriênio, com a pecha de inimigo dos atores culturais da Terra.
O alerta prossegue ainda observando que tal realidade de flagelo da cultura regional era de conhecimento e descontentamento de todos, porém, não teria ela sido descortinada de maneira mais contundente, à época, em decorrência de o setor cultural da Bahia, como o sabemos, ser extremamente dependente de verbas governamentais e, por conseguinte, temer represálias de caráter orçamentário.
Samuel Celestino vai mais longe, e também veicula informações atribuídas ao novo secretário estadual da Cultura, Albino Rubim, que reconhece que a gestão que lhe antecedeu deixou dívidas resultantes de editais dos anos de 2008; 2009 e 2010. O atual secretário, portanto, teria admitido que a gestão atual teve de administrar tal desequilíbrio, vendo-se obrigada, a Secretaria, em consequência, a lançar em 2011 apenas um único edital, no valor possível de R$ 5 milhões.
Além da equivocada política de (re) interiorização da cultura, ainda segundo o mesmo cronista, a crise também teve por causa aquilo que ele denominou de “outras aplicações de recursos em entidades de Salvador, como, por exemplo, o Teatro Vila Velha, que vem a ser, por mera, absolutamente mera coincidência, de Marcio Meirelles”. Contudo, com suas observações, o jornalista adverte que não intenciona “levantar lebres imensas”.
“A QUEM INTERESSAR OS ATAQUES AO VILA VELHA”
Com o título supra, em A Tarde de 15/11/11, Gina Leite, coordenadora geral do Teatro Vila Velha, ao que parece, contesta as críticas de Samuel Celestino ou de vozes ocultas. Com tom arrogante e presunçoso, a também autointitulada produtora e escritora, traça um histórico recheado de números e ufanismo, onde define o [imprescindível] Vila Velha como “usina cultural e artística, com contribuição inquestionável para o Brasil”. Ora, ora...
Logo depois, a discípula admite que o Teatro Vila Velha “recebe recursos do Estado”, mas, através de “ação que foi ordenada em 2010 (...) pela Secretaria da Cultura, em edital, elaborado em parceria com a Procuradoria Geral do Estado, com critérios de avaliação e pontuação objetivos, para que a escolha das instituições apoiadas não fosse um ato apenas do secretário (...) o Vila concorreu, teve sua proposta aprovada (...)’.
Na esteira dos dados que a própria Gina Leite veicula, a Secretaria da Cultura destina R$ 450 mil/ano ao Teatro Vila Velha. Agora, vejamos: Quanto aos critérios e procedimentos adotados para a realização do edital citado, ok. Contudo, todavia, entrementes, aderentes e dementes: todos (nesta terra amada de Jorge) sabemos da histórica e visceral, se não, espiritual, ligação do ex-secretário da Cultura, Marcio Meirelles, com o T. Vila Velha. Então, por mais que as folhas por lá sejam sagradas, e por mais plenamente legal e acompanhado (pela PGE) que tenha sido o famigerado edital, há aí, sem dúvida, amigos, um ténue, mas não menos vexatório, conflito de interesses. Se não legal, moral.
Vamos àquele irresistível lugar comum? Vamos: repita comigo, o tio aqui vai lhe ensinar, Marcio: ‘Nem tudo que é legal é moral’. E aqui pra nós – é, no mínimo imoral, alguém que eternamente dirigiu, ou coisa que o valha, uma Instituição, in case o TVV, e, uma vez à frente da Secretaria Cultural, contemplar, mesmo que seja via o mais probo dos editais, um teatro que é sim, “seu”.
Mas o artistas raivosos de plantão ficarão inconsoláveis comigo e bradarão: - ‘Mas o Vila não poderia ficar de fora, prejudicado, tinha direito de participar do edital, ora bolas, afinal trata-se de processo público e, conquanto nada lhe seja vedado e coisa e tal, nada tinha que ver o Teatro que o Meirelles estivesse secretário. Ok. Ok. Simples, como uísque: Então, Sua ex- excelência jamais deveria ter aceitado o cargo público que lhe foi oferecido. Mas sei, sei... Ele aceitou movido pelas já sabidas boas intenções, amém!
Hedre Lavnzk Couto.
sexta-feira, novembro 18
Crítica do espetáculo ‘Alugo minha Língua’
Tenho me sentido cada vez mais burro quando vou ao teatro em Salvador. Parece ter-se tornado moda geral, entre os artistas de teatro de nossa querida terra, falar e escrever melhor sobre seus espetáculos, do que aquilo que se verifica como resultado da encenação, propriamente dita.
“A peça visa explicar, à luz do conceito de modernidade líquida do sociólogo polonês Zygmunt Baumam, como a urgência e a espetacularização da sexualidade nas sociedades contemporâneas resultam no esvaziamento das relações humanas e no tédio.”, é o que me diz alguém no folder do espetáculo ‘Alugo minha língua’.
Os criadores avisam que a peça pretende discutir, através da linguagem da performance, e com viés musical acentuado, as relações entre a perversão humana, a sexualidade e a sociedade de consumo. Trata-se, em verdade, de espetáculo notavelmente sofrível de se ver e ouvir.
Como não denominar de babacas, artistas que, seguem acreditando que subir num palco arreganhando a vagina e apertando as tetas é, nos nossos dias, uma atitude capaz de chocar, arrebatar ou proporcionar algum tipo de reflexão sociológica entre pessoas da era ‘Big Brother’. Ah, acorde Alice!
Sinto dizer, entretanto, o espetáculo em questão não consegue ser depravado, nem profano, nem é cabaré, nem é musical, muito menos irônico, muito menos ainda contestador de moralismo algum, senão, aquele dos próprios criadores.
A DRAMATURGIA
O texto de Gil Vicente Tavares abusa, ao longo de mais de uma hora de peça, de intermináveis falas e monólogos exaustivamente entrecruzados, uma salada desordenada de frases ocas, na tentativa de um non-sense proposital, que se precipita desesperadamente na tentativa inglória de atingir e constranger o espectador. Um conteúdo e um formato que deixam a plateia, já aos trinta minutos de espetáculo, numa agonia retada com uma incrível vontade de ‘se picar’ logo para casa. A ideia de buscar auxílio em Baumam, para influenciar a discussão foi boa, mas, a compreensão dos artistas em relação a teoria do polonês esteve alhures. No mais, as canções são péssimas.
A ENCENAÇÃO
Fernando Guerreiro bem poderia ter salvado alguma coisa, estranhamente nada fez – de acertado. Não conseguiu empregar ao espetáculo nem moldura nem dinâmica. Um musical? Um cabaré? Um açougue? Onde está aquela tal forma perigosa, questionadora que o diretor apregoou ter alcançado neste trabalho? Por outro lado, o espetáculo é realmente fracionado, isso sim, bastante.
ATORES
Difícil tentar construir até mesmo a sombra de um musical com atores que não cantam nem têm trabalho corporal , não dançam, não falam direito. Frígidos. Certamente eles devem ter querido fazer um neo musical, e realmente nada do que falo tem sentido, afinal estou me tornando burro, é sintomático. O elenco é formado por Ciro Sales; Luisa Proserpio; Marinho Gonçalves; Vanessa Mello e Will Brandão.
A propósito: o que é uma performance? “Boa perturbação”!
Hedre Lavnzk Couto
p/ Carolina
“A peça visa explicar, à luz do conceito de modernidade líquida do sociólogo polonês Zygmunt Baumam, como a urgência e a espetacularização da sexualidade nas sociedades contemporâneas resultam no esvaziamento das relações humanas e no tédio.”, é o que me diz alguém no folder do espetáculo ‘Alugo minha língua’.
Os criadores avisam que a peça pretende discutir, através da linguagem da performance, e com viés musical acentuado, as relações entre a perversão humana, a sexualidade e a sociedade de consumo. Trata-se, em verdade, de espetáculo notavelmente sofrível de se ver e ouvir.
Como não denominar de babacas, artistas que, seguem acreditando que subir num palco arreganhando a vagina e apertando as tetas é, nos nossos dias, uma atitude capaz de chocar, arrebatar ou proporcionar algum tipo de reflexão sociológica entre pessoas da era ‘Big Brother’. Ah, acorde Alice!
Sinto dizer, entretanto, o espetáculo em questão não consegue ser depravado, nem profano, nem é cabaré, nem é musical, muito menos irônico, muito menos ainda contestador de moralismo algum, senão, aquele dos próprios criadores.
A DRAMATURGIA
O texto de Gil Vicente Tavares abusa, ao longo de mais de uma hora de peça, de intermináveis falas e monólogos exaustivamente entrecruzados, uma salada desordenada de frases ocas, na tentativa de um non-sense proposital, que se precipita desesperadamente na tentativa inglória de atingir e constranger o espectador. Um conteúdo e um formato que deixam a plateia, já aos trinta minutos de espetáculo, numa agonia retada com uma incrível vontade de ‘se picar’ logo para casa. A ideia de buscar auxílio em Baumam, para influenciar a discussão foi boa, mas, a compreensão dos artistas em relação a teoria do polonês esteve alhures. No mais, as canções são péssimas.
A ENCENAÇÃO
Fernando Guerreiro bem poderia ter salvado alguma coisa, estranhamente nada fez – de acertado. Não conseguiu empregar ao espetáculo nem moldura nem dinâmica. Um musical? Um cabaré? Um açougue? Onde está aquela tal forma perigosa, questionadora que o diretor apregoou ter alcançado neste trabalho? Por outro lado, o espetáculo é realmente fracionado, isso sim, bastante.
ATORES
Difícil tentar construir até mesmo a sombra de um musical com atores que não cantam nem têm trabalho corporal , não dançam, não falam direito. Frígidos. Certamente eles devem ter querido fazer um neo musical, e realmente nada do que falo tem sentido, afinal estou me tornando burro, é sintomático. O elenco é formado por Ciro Sales; Luisa Proserpio; Marinho Gonçalves; Vanessa Mello e Will Brandão.
A propósito: o que é uma performance? “Boa perturbação”!
Hedre Lavnzk Couto
p/ Carolina
quinta-feira, novembro 17
“Mais respeito aos Festivais”
A frase acima é o título de um artigo publicado na edição de A Tarde, em 24/10/11, pelo “cidadão baiano e artista” Marcio Meirelles – secretário da cultura no primeiro mandato do governo Wagner.
Não se faz preciso o leitor ser brilhante para perceber que o referido texto de Meirelles surgiu em resposta a outro artigo, também publicado em A Tarde – “Mais respeito aos artistas baianos” -, de autoria do também diretor teatral [e burocrata ad hoc] Luiz Marfuz. Naquela ocasião, esse último esbravejava contra os organizadores de um Festival de Artes Cênicas ocorrido em Salvador, que tinham cometido o ‘crime de lesa arte’ de não incluir na programação um tal subproduto artístico de alcunha ‘As Velhas’.
O fato é que Sua Excelência, o ex-secretário Marcio Meirelles, ao que parece, não se conteve diante da manifestação do colega e, empolgou-se por debater na nossa Ágora teatral local.
Meirelles escreve para discordar de Marfuz. Para ele é incompreensível o descontentamento de alguns artistas soteropolitanos em relação aos Festivais baianos de teatro, especialmente quanto ao FIAC – o Festival da presente polêmica. O diretor Marcio, ou o ex-secretário Meirelles, não se sabe ao certo quem dos dois, considera uma pena que tais manifestações divergentes ocorram. E chega sutilmente a instilar que tais investidas vêm como fruto de gente que esperneia por terem seus espetáculos preteridos. E Marcio se julga muito tranqüilo para tratar desse caso, uma vez que seu espetáculo, ‘Bença’, se apresentou no Festival.
E o professor Meirelles segue nos ensinando: “um Festival de teatro não é uma seleção pública: tem uma curadoria, escolhendo espetáculos de acordo com critérios estéticos, para um determinado público” [?]. E prossegue o exímio observador: “As platéias (nos festivais realizados em Salvador) ficam lotadas, sempre, coisa que não tem acontecido com os espetáculos baianos” (fora de festivais) – e aqui já discordo enfaticamente do ex-secretário: é uma inverdade afirmar que os espetáculos que são levados à cena em festivais de Salvador estão sempre de platéia cheia.
Mais à frente, em seu artigo, o teatrólogo do Teatro Vila Velha analisa que se no geral os teatros andam vazios, tal realidade não é culpa do público. Sua (ex) Excelência sentencia que o que acontece atualmente (na Bahia), de fato, é “uma crise de linguagem do teatro”.
Ora, Marcio Meirelles, que crise de linguagem que nada. O que há, é falta de vocação e de talento. ‘Crise de linguagem’ é uma tentativa de emendar expressão sofisticada querendo esconder a anta atrás do chifre. O que temos, saudoso ex-secretário – salvas as honrosas exceções – são atores, diretores e criadores de cultura rasa. Preguiçosos, toscos e medíocres eis o que é a grande maioria dos espetáculos do atual teatro baiano.
O que temos é: de um lado diretores-professores-acadêmicos-desleixados-fanfarrões fazedores de abacaxi. De outro, uma geração mais jovem que nada sabe de literatura, de música, de filosofia, da alma humana, da complexidade da sociedade moderna, dos elementos do espetáculo teatral, que nada entendem de direção de atores e continuam fazendo seus monstros teatrais. E quanto aos atores, não sabem falar em cena – Hackler tinha razão quando gracejava que os vendedores de A Tarde sabem dominar melhor a dicção do que a maioria dos nossos atores. Atores que em cena não sabem andar, nem sentar, nem segurar um talher, nem olhar no olho do contracena. E, pasmem: atores que em leituras (ensaios) causam demasiado constrangimento por não saberem sequer ler. Então, não posso concordar, senhor Meirelles, que o infortúnio do teatro baiano seja crise de linguagem. É falta de talento, vocação estudo e trabalho.
Por tudo, eu de minha parte repudio o “Mais respeito aos artistas baianos”, de Marfuz; e o seu “Mas respeito aos Festivais”, excelentíssimo senhor ex-secretário da Cultura do Estado da Bahia, Marcio Meirelles. Eu, cidadão baiano, exijo mais respeito aos espectadores e ao dinheiro público, do nosso povo, tão mal utilizado e gerido por Vossa Excelência (2007-2010) quando o jogou no ralo fétido da dissimulação e da incompetência.
Mas, não. Certamente eu devo estar blasfemando. E peço-lhe minhas mais sinceras escusas por este desabafo desajeitado e inoportuno. Por isso, na tentativa honesta de corrigir-me consigo, lanço aqui, para todos, uma modesta idéia: - vamos todos, artistas e cidade, cultuar com amor, o nome Marcio Meirelles. Mais que isso, queridos amigos, vamos de logo trocar o nome da Avenida 7 de Setembro para ex-secretário da cultura Marcio Meirelles Street. Porque entendemos a verdadeira importância de sua pessoa, querido Marcio.
Por fim, ‘mas respeito a hipocrisia na sociedade da Bahia’, porque ela está dando certo. E nada de desqualificá-la publicamente,né, Marcio Meirelles?
Hedre Lavnzk Couto
Não se faz preciso o leitor ser brilhante para perceber que o referido texto de Meirelles surgiu em resposta a outro artigo, também publicado em A Tarde – “Mais respeito aos artistas baianos” -, de autoria do também diretor teatral [e burocrata ad hoc] Luiz Marfuz. Naquela ocasião, esse último esbravejava contra os organizadores de um Festival de Artes Cênicas ocorrido em Salvador, que tinham cometido o ‘crime de lesa arte’ de não incluir na programação um tal subproduto artístico de alcunha ‘As Velhas’.
O fato é que Sua Excelência, o ex-secretário Marcio Meirelles, ao que parece, não se conteve diante da manifestação do colega e, empolgou-se por debater na nossa Ágora teatral local.
Meirelles escreve para discordar de Marfuz. Para ele é incompreensível o descontentamento de alguns artistas soteropolitanos em relação aos Festivais baianos de teatro, especialmente quanto ao FIAC – o Festival da presente polêmica. O diretor Marcio, ou o ex-secretário Meirelles, não se sabe ao certo quem dos dois, considera uma pena que tais manifestações divergentes ocorram. E chega sutilmente a instilar que tais investidas vêm como fruto de gente que esperneia por terem seus espetáculos preteridos. E Marcio se julga muito tranqüilo para tratar desse caso, uma vez que seu espetáculo, ‘Bença’, se apresentou no Festival.
E o professor Meirelles segue nos ensinando: “um Festival de teatro não é uma seleção pública: tem uma curadoria, escolhendo espetáculos de acordo com critérios estéticos, para um determinado público” [?]. E prossegue o exímio observador: “As platéias (nos festivais realizados em Salvador) ficam lotadas, sempre, coisa que não tem acontecido com os espetáculos baianos” (fora de festivais) – e aqui já discordo enfaticamente do ex-secretário: é uma inverdade afirmar que os espetáculos que são levados à cena em festivais de Salvador estão sempre de platéia cheia.
Mais à frente, em seu artigo, o teatrólogo do Teatro Vila Velha analisa que se no geral os teatros andam vazios, tal realidade não é culpa do público. Sua (ex) Excelência sentencia que o que acontece atualmente (na Bahia), de fato, é “uma crise de linguagem do teatro”.
Ora, Marcio Meirelles, que crise de linguagem que nada. O que há, é falta de vocação e de talento. ‘Crise de linguagem’ é uma tentativa de emendar expressão sofisticada querendo esconder a anta atrás do chifre. O que temos, saudoso ex-secretário – salvas as honrosas exceções – são atores, diretores e criadores de cultura rasa. Preguiçosos, toscos e medíocres eis o que é a grande maioria dos espetáculos do atual teatro baiano.
O que temos é: de um lado diretores-professores-acadêmicos-desleixados-fanfarrões fazedores de abacaxi. De outro, uma geração mais jovem que nada sabe de literatura, de música, de filosofia, da alma humana, da complexidade da sociedade moderna, dos elementos do espetáculo teatral, que nada entendem de direção de atores e continuam fazendo seus monstros teatrais. E quanto aos atores, não sabem falar em cena – Hackler tinha razão quando gracejava que os vendedores de A Tarde sabem dominar melhor a dicção do que a maioria dos nossos atores. Atores que em cena não sabem andar, nem sentar, nem segurar um talher, nem olhar no olho do contracena. E, pasmem: atores que em leituras (ensaios) causam demasiado constrangimento por não saberem sequer ler. Então, não posso concordar, senhor Meirelles, que o infortúnio do teatro baiano seja crise de linguagem. É falta de talento, vocação estudo e trabalho.
Por tudo, eu de minha parte repudio o “Mais respeito aos artistas baianos”, de Marfuz; e o seu “Mas respeito aos Festivais”, excelentíssimo senhor ex-secretário da Cultura do Estado da Bahia, Marcio Meirelles. Eu, cidadão baiano, exijo mais respeito aos espectadores e ao dinheiro público, do nosso povo, tão mal utilizado e gerido por Vossa Excelência (2007-2010) quando o jogou no ralo fétido da dissimulação e da incompetência.
Mas, não. Certamente eu devo estar blasfemando. E peço-lhe minhas mais sinceras escusas por este desabafo desajeitado e inoportuno. Por isso, na tentativa honesta de corrigir-me consigo, lanço aqui, para todos, uma modesta idéia: - vamos todos, artistas e cidade, cultuar com amor, o nome Marcio Meirelles. Mais que isso, queridos amigos, vamos de logo trocar o nome da Avenida 7 de Setembro para ex-secretário da cultura Marcio Meirelles Street. Porque entendemos a verdadeira importância de sua pessoa, querido Marcio.
Por fim, ‘mas respeito a hipocrisia na sociedade da Bahia’, porque ela está dando certo. E nada de desqualificá-la publicamente,né, Marcio Meirelles?
Hedre Lavnzk Couto
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